"...Sin Perder La Ternura Jamás!"

Algo entre o nada e o tudo. Entre cheio e vazio. Algo entre o eterno e o fugaz. Entre branco e preto. Mas nunca em cima do muro. Sempre povoado de sentimentos. Com pensamentos e idéias, eternas ou passageiras. Nunca cinza(entre o branco e o preto existem todas as outras cores). Isso sou eu. Hoje. Amanhã, talvez não mais. Sou um ser humano, estou em constante e permanente evolução. Ou não.

Minha foto
Nome:
Local: Porto Alegre, RS, Brazil

sábado, 26 de agosto de 2006

Zero À Esquerda - Edição Quatorze

O dia começou mau humorado, cinza, baixo-astral. Nada que não pudesse ser superado, afinal, o sentimento interior estava estranhamente positivo. Era sábado, dia de trabalhar muito e, portanto, cansativo.

Para completar o cenário perfeito, chovia, abafado. Literalmente, era um dia modorrento. A vontade maior era a de ficar atirado, sem fazer nada. A menor, era a de ir até a farmácia, ser simpático, sorrir para as pessoas e pensar em fórmulas, princípios ativos, indicações, contra-indicações e cinética de fármacos.

Como é dia de vacinação na cidade e, como premiação ao contexto do dia, um dos postos mais movimentados da cidade fica dentro do mesmo supermercado onde se encontra a farmácia que trabalho. O movimento na farmácia é caótico e, claro, aquele senhor que vai TODOS os sábados e conversa fiado durante mais de hora não poderia deixar de faltar neste.

Lá pelas 14h ele adentra, triunfante, com sua camisa aberta até metade do peito, estampando o medalhão dourado que refletiria o Sol com precisão, se ele não estivesse encoberto por nuvens. Acompanhado sempre de um docinho, mimo que ele leva para minha chefe, oitavado no balcão ele começa seu showzinho particular. O repertório já é conhecido por nós: carteira de habilitação, Bio Redux, cervejinha, Cialis e outras histórias engraçadíssimas.

Porém, hoje, ele foi enviado com o intuito de contrapontear a sonolência do dia. Com a intenção ingênua de nos mostrar um presente recém comprado, ele simplesmente causou um tsunami no balcão da farmácia. Uma florzinha cultivada há semanas por nós, simplesmente foi desintegrada com uma passada rápida de braço, atirando terra, pedrinhas, pétalas e toda a estrutura que um planta possui no chão. Só nos restou rir. E limpar tudo, é claro.

Nosso ilustre visitante parecia não desistir de sua apresentação. Mesmo com a entrada praticamente ininterrupta de clientes que precisavam disputar à cotoveladas uma vaguinha no balcão, afinal nosso mestre de cerimônias não arredava um centímetro de sua posição privilegiada.

Após um discurso com ares de ‘conhecedor de causa’ a respeito de medicamentos controlados, onde minha colega não concordou com algumas afirmações, nosso show man lança a frase do dia: “Olha menina, confia em mim, quem amiga, aviso é”! Putz, essa foi o suficiente para mudar radicalmente os ares do nosso dia. Após um ataque de riso de alguns minutos, onde clientes tiveram que esperar, sem entender nada, é claro, conseguimos voltar ao nosso normal, porém com um ânimo totalmente renovado.

Claro, pra quem está lendo isso, se é que alguém está, essa pequena historinha não tem a menor graça. Mas o objetivo não era esse e, sim, mostrar como devemos estar sempre de mente aberta para o nosso dia-a-dia. Sempre vai haver um momento em que, se estivermos atentos, vai mudar completamente o sentido daquele dia que tinha tudo para ser cinza e, ‘de repente, não mais que de repente’, torna-se colorido e alegre.

Agradeço hoje, ao nosso cliente, por ter mudado completamente o nosso humor, a despeito do tempo lá fora. Sem contar com os tapinhas ‘delicados’ em nossos ombros. Tão delicado que algum dia vai deslocar uma clavícula. Mas tudo bem. Enquanto ele nos proporcionar momentos como esses de hoje, sei que vai valer a pena sempre ter um sorriso no rosto, seja pra quem for.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Zero À Esquerda - Edição Treze

Alguns dias têm cara de vida inteira”. Li esta frase em algum canto da Internet que nem lembro mais, porém, esta pequena linha me marcou de uma maneira importante. Já pensei sobre ela várias vezes e acredito que em poucos momentos um poeta conseguiu explicar a vida( precisa de explicação? ) de maneira tão concisa.

Existem dias em que as coisas não começam bem, realmente. Seja porque está caindo um temporal lá fora e temos que levantar pra trabalhar, ou porque o chuveiro estragou e o banho vai ser gelado e, para completar, ao chegarmos no trabalho, encontramos um chefe mal humorado. Maravilha.

Mas, como num passe de mágicas, recebemos uma mensagem no celular que muda tudo, recebemos um elogio inesperado, um sorriso agradecido e inesperado por um pedido atendido ou, melhor ainda, ouvimos alguém nos elogiando sem saber que estamos escutando.

Mais adiante, em casa, nos sentimos sozinhos, como se fossemos o único ser vivo no mundo naquele momento, ou, que todas as outras pessoas não conhecessem a nossa presença ali. Até que “de repente, não mais que de repente” o pranto transforma-se em riso( contrariando Vinicius, que heresia ) quando vemos uma presença tão esperada e agradável no MSN ou um telefonema reconfortante.

Podemos viajar do bom ao mau humor, da sensação de solidão para a de acompanhado total, do baixo astral para a felicidade plena, das lágrimas ao sorriso, tudo isso em apenas um dia. Alegria, solidão, insegurança, confiança, tristeza, melancolia, felicidade incondicional, estar bem acompanhado(mesmo que de longe) – e poderia ficar um dia descrevendo bons e maus sentimentos que nos acompanham durante um dia inteiro, num dia destes, com cara de vida inteira.

Mas para quê vivermos toda a nossa vida em apenas um dia? Se podemos aproveitar com a devida atenção cada momento, seja ele positivo ou negativo, não precisamos desse desespero em tê-los assim, todos próximos, amontoados até.

Alterando um pouco o sentido da frase, diria que o dia ideal é aquele que tem cara de fim-de-semana, com Sol, poucas nuvens em um lugar agradável com a companhia perfeita.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Zero À Esquerda - Edição Doze

Dando uma olhada aqui no blog hoje, percebi que não escrevo sobre outra coisa, a não ser futebol, há dois meses!! Puxa vida, isso é muito tempo...

Então, resolvi variar um pouco. Mas não sabia ao certo sobre o que escrever. Foi então que a “lâmpada acendeu”: vou divagar sobre o ato de escrever, seja em prosa, poesia, na parede ou no papel, para um grande público ou para consumo próprio, em linguagem formal ou informal, enfim, sobre o prazer de tentar expressar em símbolos gráficos aquilo que estamos sentindo.

Sábado, em um “papo cabeça” regado a cervejas bem geladas, concluí, mas não sozinho, que a escrita aparece em substituição, e com méritos, a um psiquiatra, psicólogo ou qualquer outro “psiq” que exista. Me explico: o que as pessoas fazem quando sentam em uma cadeira, em frente a um estranho que está nos tirando uma grana legal? Discorremos sobre a nossa vida, nossas falhas e acertos, nossos vícios e virtudes... Resumindo, mostramos nossa verdadeira face para uma pessoa que nem conhecemos.

Qualquer semelhança com o que acontece quando publicamos um texto num blog ou em qualquer outro lugar, não é mera coincidência. Falo por mim, mas acredito que acontece com todos, pois quando escrevo alguma coisa, por pior que seja, estou me revelando por inteiro, sejam meus sentimentos, sejam minhas idéias. Por força das circunstâncias, sou mais eu quando escrevo do que quando falo, me saio melhor com as palavras escritas do que ditas. Nem sempre.

Neste texto, por exemplo, minhas idéias saíram confusas. Às vezes, quando nos faltam palavras, não devemos ter vergonha em pedir algumas emprestadas pra pessoas que as conhecem melhor que nós. Por isso, a figura que coloco junto ao texto, é o manuscrito original da música Anos Dourados, de Chico Buarque e Tom Jobim.

Chega a ser engraçado o fato de que quanto mais coisas queremos dizer, aí mesmo que não dizemos nada.