"...Sin Perder La Ternura Jamás!"

Algo entre o nada e o tudo. Entre cheio e vazio. Algo entre o eterno e o fugaz. Entre branco e preto. Mas nunca em cima do muro. Sempre povoado de sentimentos. Com pensamentos e idéias, eternas ou passageiras. Nunca cinza(entre o branco e o preto existem todas as outras cores). Isso sou eu. Hoje. Amanhã, talvez não mais. Sou um ser humano, estou em constante e permanente evolução. Ou não.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Zero À Esquerda - Edição Dezenove

Ele era um homem bom. Tão bom que virou bobo.


Para impedir que as pessoas ficassem chateadas ou contrariadas, ele evitava atritos, evitava discussões. Deixava que as pessoas pensassem que tinham sempre razão e, com isso, aos poucos, elas foram tomando conta dele.


No trabalho, ele assumia responsabilidades que não eram dele, trabalhava mais do que todos e não reclamava, talvez por medo, talvez por falta de iniciativa, ele não sabia ao certo. E assim, gradativamente, ele foi se sobrecarregando, cada dia era um inferno, um fardo que se tornava difícil de carregar.


Mas quando ele se deu conta disso, era tarde: o trem havia partido. Ele tentava encontrar maneiras de sair dessa situação, dava voltas sem sair do lugar, mas tudo piorava. Na faculdade, os colegas se aproveitavam, deixavam os trabalhos para ele, sabiam que no dia de apresentar estaria tudo perfeito. E ele, claro, fazia tudo, para não se incomodar.


Parecia uma vida complicada, triste, sobrecarregada. E, às vezes, era. Mas ele aprendeu a conviver com isso, se adaptou, se organizou e passou a dar conta de tudo.


Mas, no fundo, ele sabia que isso não estava certo. Ele sentia que não podia ser assim. Enquanto os outros aproveitavam, se divertiam, interagiam, ele ficava em casa, em frente ao computador, fazendo trabalhos, estudando, se dedicando para não decepcionar quem quer que fosse que viesse pedir para ele fazer alguma coisa.


E assim ele foi levando a vida, até que um dia ele resolveu mudar: a partir daquele dia, ele não faria mais nada pelos outros! Não, isso ele não conseguia. Mudou sua promessa: a partir daquele dia, ele não faria mais nada por pessoas que não merecessem! Mas como decidir quem merecia?


E foi então que ele adotou uma tática. Ele confiava na sua capacidade de identificar pessoas boas. Tinha uma empatia imediata, quase mágica, por esse tipo de gente. E foi assim que ele fez: escolhia pessoas que mereciam sua dedicação total e irrestrita assim, pelo sorriso, pela afinidade.


Mas ele havia mudado. Não conseguia mais fazer papel de bom (bobo?). Tomava atitudes, desafiava os outros, questionava-os. Quando lhe pediam um favor, ele balanceava, pesava as opções, observava se não estavam se aproveitando de sua boa vontade e, então, respondia.


Resumindo, ele havia se transformado em um desconfiado.


E assim somos todos nós. Desconfiados, esperamos sempre que as pessoas nos façam algo em troca. Fazemos o bem desde que nos dêem algo de bom. Esquecemos de “fazer o bem sem olhar a quem” e passamos a fazer o bem a quem nos fizer também.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Zero À Esquerda - Edição Dezoito

“Se conselho fosse bom não seria dado, seria vendido”. Pois é. Uma das coisas mais fáceis que existe é dar conselhos ou ensinar caminhos como se fosse simples segui-los. Mas não é assim que funciona. Caminhos escolhidos ou decisões tomadas, muitas vezes, são resultado de muita cara quebrada ou de erros cometidos.
Só temos a experiência necessária para dar conselhos após termos encarado, por conta própria, várias situações em que nos demos mal e que tomamos decisões erradas. E é nessa condição que, quando vemos alguém querido seguindo um caminho errado, tentamos dar um conselho com a intenção de ajudar. Mas é aí que esquecemos que, quando nós estávamos do outro lado, odiávamos escutar conselhos.
O mais fácil e correto a fazer, nesses casos, é acompanhar de perto, tentando proteger quando possível e, tal qual um anjo da guarda, estar sempre a postos e alerta para auxiliar no que for preciso, quando for preciso.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Retorno!!

Faz tempo que eu não escrevo, e isso é um vício. Assim como escrever. Explico-me: escrever é uma arte que se aperfeiçoa com a repetição, no dia-a-dia. Quanto mais vezes escrevemos, quanto mais revisamos e pensamos sobre esse ato, mais vontade e idéias novas surgem em nossa mente. Em contrapartida, quanto mais tempo ficamos sem escrever ou sem pensar em algum assunto para escrever, mais difícil se torna o reinício, a nova idéia, o novo texto.

E é por isso que estou aqui. Como não me surgiu nenhuma nova idéia - devido ao fato de fazer muito tempo que não escrevo - me dei conta que este era um bom assunto para reiniciar esta aventura. Qual o assunto? A falta de assunto.

E essa falta de assunto, tem tomado conta das nossas vidas ultimamente. Em todos os setores dela. E é por isso que lemos as revistas de fofocas, é pelo mesmo motivo que adoramos saber quando a atriz tal fez um topless em Copacabana, ou quando o ator marrento discutiu na saída da festa; ou ainda, a dança dos namoros entre os globais.

Muitas vezes me sinto um alienígena quando encontro pessoas que não tenho muita afinidade ou que conheço pouco e fico sem saber o que falar, sem ter um papo pelo menos pra iniciar a interação. Mas não sei até que ponto isso se deve à falta de assunto diária de todos ou se à minha timidez e falta de iniciativa. Interessante discussão, os “psi” iriam adorar. Mas por enquanto prefiro expor essa minha dúvida aqui, para meus milhares de leitores.

Eu sei que esse meu texto pode ser incluído entre os piores que eu fiz, mas vou encara-lo como um recomeço aqui no blog. Estou publicando ele apenas para sacudir a poeira e retornar às letras.

Espero que essa tentativa motive a vinda de novos textos e, espero também, que mais inspirados do que este!

Até um próximo e breve encontro!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Não escrevo aqui há mais de três meses, as palavras têm me faltado.
Porém, algumas idéia têm surgido, lentamente; estão em fase de amadurecimento, ach oque em breve vou conseguir publicar algo por aqui.
Nem sei muito bem porque, afinal, tenho total consciência de que escrevo neste blog para mim mesmo. hehehehe
Mas e quem no mundo é mais importante pra mim do que eu mesmo? (Nossa, quanta arrogância e auto-suficiência).... Acho que poderia fazer uma lista de pessoas tão importantes pra mim quanto eu mesmo, mas deixemos isso pra lá, metafísica não é pra mim.
O importante - ou não - é que, em breve, terá coisa nova por aqui.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Zero À Esquerda - Edição Dezessete

Sempre ouvi falar que correr faz bem, mas nunca fui um grande de corridas. Sou preguiçoso a ponto de não conseguir criar uma rotina na qual sairia todos os dias, sem rumo, correndo até cansar e, no dia seguinte, estaria todo dolorido. Prefiro um futebolzinho aos sábados, apesar de saber que não tem o mesmo resultado.

Jogando contra qualquer tipo de motivação à corrida, está uma experiência fatídica a que fui submetido há alguns anos: inventei de acompanhar um amigo/atleta – acostumado a correr todos os diasem uma corridinha rápida de 30 minutos pela Redenção. Coisa leve. Porém, quando resolvemos parar eu, que não tenho noção de exercícios físicos, alongamentos e semelhantes, parei bruscamente. A primeira impressão que tive foi de que minhas pernas continuaram a correr sozinhas. Meu amigo gritou para que eu não parasse assim, apenas diminuísse a velocidade aos poucos, para que meus músculos fossem se readaptando.

Mas a parte em que meus músculos funcionaram sozinhos não foi nada, perto do outro dia. Apesar de ter feito vários alongamentos após chegar em casa, senti que havia forçado demais. Então, ao sair da cama no dia seguinte, algo incrível aconteceu: duas câimbras simultâneas, uma em cada coxa, no exato instante em que encostei os pés no chão!

Portanto, foi desde esse dia que fiquei ainda mais avesso a corridas e exercícios físicos. Sei que faz bem para a saúde, bem para o corpo e para a mente, mas nunca consegui me condicionar a tanto.

Foi alguns dias que senti, realmente, a importância da corrida: em alguns momentos de descontrole, tomamos decisões erradas e que podem por tudo a perder. Esses atos, feitos de cabeça quente, podem estragar um futuro lindo e completo. E foi em uma situação dessas que eu agradeci a Deus por ainda existirem pessoas que se dedicam à corrida, mesmo que seja uma corrida desatinada, rua abaixo, sem fôlego mas com muito amor.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Zero À Esquerda - Edição Dezesseis

Várias vezes me vi em situações que eram perfeitamente explicáveis por aquele conto no qual dois amigos caminham por uma floresta e, um deles, ao ser salvo de um afogamento pelo outro, escreve a história em uma pedra, para que nunca seja esquecido o bem que foi feito; em outro momento, durante uma briga, o mesmo jovem, ao receber um tapa do outro, escreve o ocorrido na areia, para que seja levado pela maré e, em breve, esquecido.

pouco mais de um mês passei por um desses momentos em que temos vontade de escrever em uma pedra ou, se possível, em um diamante, para que jamais seja esquecido. O problema é que, muitas vezes, não temos a lucidez suficiente para percebermos que estamos vivendo uma situação que nos marcará profundamente.

Sei que estou escrevendo sobre isso com certo atraso, afinal o show da Mercedes Sosa, no Pepsi On Stage, foi dia 19 de Outubro, três dias antes do meu aniversário. Mas, na verdade, a demora foi proposital, afinal, me dei esse tempo para que o texto fosse amadurecendo, assim como as lembranças daquele show memorável.

La Negra continua com a simpatia e o carisma que a tornaram um dos maiores ícones da música latino-americana. Nem mesmo a idade e doença que limitam os movimentos são páreos para impedir que ela solte sua voz potente e aveludada, grave e doce, cortante e carinhosa, revolucionária e decepcionada. Todas essas antíteses fazem parte do canto de Mercedes. Mas é graças a esses paradoxos que um ginásio inteiro - cheio de pessoas de mais idade e que viveram em uma época conturbada - comportou-se como se fosse formado por adolescentes, que cantaram, se emocionaram, aplaudiram de e, ao final, correram até a beira do palco a fim de se aproximar pelo menos um pouquinho daquela que foi a representação sonora de todas as angústias, desejos e lutas daquela geração.

Minha idéia inicial não era fazer um texto que se aprofundasse muito numa análise ou qualquer coisa que o valha, mas em se tratando da importância de Mercedes Sosa, tudo é válido e necessário.

que não pude escrever em uma pedra, resolvi passar para o papel e para a tela do computador tudo o que eu presenciei , naquela noite mágica. Porém, depois daquele dia, mudei um pouco de idéia e hoje eu acredito que certos momentos, de tão intensos e importantes que são não precisam ficar eternizados em pedras ou diamantes. Nossas retinas e nossos sentimentos se responsabilizam por manter essas lembranças para sempre na memória!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Entre Aspas...


Guerra de Fronteira


As fronteiras ideológicas da Guerra Fria atravessavam países e continentes, separando o "mundo livre" do outro e dos simpatizantes do outro. A não ser que visitasse um país comunista ou freqüentasse algum "aparelho", você nunca as cruzava. Sequer as via. Independentemente das suas simpatias ou eventuais rebeldias, vivia dentro de um perímetro comum bem definido. Com o fim da Guerra Fria, as fronteiras ideológicas desapareceram e nos vimos dentro de outra macrogeografia, a das fronteiras econômicas. Estas são visíveis demais. Separam bairros, dividem ruas, são fluidas e ondulantes - e no Brasil você as cruza todos os dias. Mais de uma vez por dia você passa por flóridas, suíças, bangladeshes, algumas bolívias... E em cada sinal de trânsito que pára, está na Somália.
É impossível proteger estas fronteiras como se protegiam as outras. A grande questão do novo século é como defender seu perímetro pessoal da miséria impaciente e predadora à sua volta. Os americanos não podem ajudar desta vez, a fronteira maluca ziguezagueia dentro dos Estados Unidos também. No Brasil da criminalidade crescente e da bandidagem organizada, as fronteiras econômicas são, cada vez mais, barricadas e terras de ninguém. No fim é uma guerra de contenção, de proteção de perímetros. E os excessos cometidos são defendidos com a velha frase, que foi o adágio definidor do século 20 e ganha força no século 21: os fins justificam as barbaridades. As chacinas de lado a lado, o poder de pequenos tiranos com ou sem uniforme de aterrorizarem o cotidiano de todo o mundo, tudo é permitido porque é uma luta de barreira, onde se repelem ou se forçam tomadas de território, como em qualquer fronteira deflagrada. Cara a cara, nação contra nação.
Há um sentimento generalizado, mesmo que não seja dito, que a maior parte da população do mundo é lixo. Excrescência irrecuperável, condenada a jamais ser outra coisa. Esta não é certamente uma constatação nova e nem qualquer utopista ultrapassado chegou a pensar que o contrário era completamente viável. A novidade é que hoje se admite pensar o mundo a partir dela. Já se pode dormir com ela. A ordem econômica mundial está baseada na inevitabilidade de a maior parte do planeta ser habitada por lixo irreciclável. Ser "politicamente correto" hoje é dizer o que ninguém mais realmente pensa - sobre raças, sobre os pobres, sobre consciência e compaixão - para não parecer insensível, mas com o entendimento tácito de que só se está preservando uma convenção, que a retórica dos bons sentimentos finalmente substituiu totalmente os bons sentimentos. É a intuição destes novos tempos sem remorso que move o entusiasmo crescente do público com a truculência policial na nossa guerra do dia-a-dia. Nem tem sentido discutir se as vítimas mereceram ou não. Não existe lixo inocente ou culpado. O que está no lixo é lixo. Demasia. Excesso. Excrescência.
Luis Fernando Veríssimo - Zero Hora - 29/11/2007

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

OS NORMAIS...

Eu jamais poderia imaginar que um dia iria encontrar uma pessoa tão maluca quanto eu. E não é que achei!?! Só duas pessoas sem noção seriam capazes de perder tempo em uma tarde qualquer para editar e dublar um trechinho do filme Tropa de Elite.

O assunto? A tragédia que são algumas dublagens, é claro.

Alguém saberia me explicar porque aquelas mulheres que dublam séries e filmes B, ou ainda canais de venda, falam sempre como se estivessem sorrindo? Muitas vezes estão falando ou contando um acontecimento trágico, mas é possível perceber que a pessoa está sorrindo. Duvido que seja só a mim que isso irrite.

E foi assim que a Márcia e eu decidimos prestar uma singela homenagem a essas atrizes tão precárias da nossa televisão. Espero que alguém, além de nós os dois, goste!


PS: Marcinha, só tu seria capaz de criar esse texto e interpretar com tamanha maestria! BEIJO!




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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Zero À Esquerda - Edição Quinze

É muito fácil sentar-se em frente a um computador achando-se o dono da razão e acreditando que tudo o que sai da cabeça são nada mais que verdades absolutas. Mas como saber quais são elas e como distingui-las das mentiras plantadas por nossa confusão mental? São vícios e virtudes que se mesclam a um turbilhão de pensamentos ininterruptos no qual paira aquela sensação de quealgo bom por acontecer, porém a ansiedade não permite que consigamos enxergar o que está, talvez, tão próximo.

Às vezes uma vontade excessiva de realizar algo bom acaba impedindo que o fato torne-se real, “o mito que limita o infinito” (sem trocadilhos infames, por favor). Escrever, por exemplo, é uma coisa tão universal, porém tão subjetiva que acabamos por acreditar que algo que escrevemos é maravilhoso enquanto os outros classificam como medíocre.

“Sei que parecem idiotas as rotas que eu traçomas, apesar de nem sempre fazer o que é melhor pra mim, nunca faço o que não estou a fim de fazerlonge de mim a arrogância -, apenas acho que no silêncio da madrugada, quando o Sol brilha, somente nós mesmos é que sabemos do que tivemos que abrir mão para chegar até aqui, ou o que passamos para ter a consciência de vida (ou a falta dela) que temos e, portanto, devemos exigir da vida o que ela exige de nós!

Enquanto escrevo veio uma vontade de falar um pouco sobre mim, porém desisti, pois as pessoas a quem realmente interessa esse texto sabem suficientemente a meu respeito, até por haverum mapa dos meus passos nos pedaços que eu deixei”. Talvez ultimamente eu tenha sido mais um clichê, porém o medo, a ansiedade e, por fim, a esperança nos levam à fantasia, pondo abaixo os muros e as grades que nos separam daquilo que nos trava, permitindo um enfrentamento digno.

Por fim, gostaria de dizer que “roubei alguns versos, como quem rouba pão” de um grande pensador gaúcho, porém destaquei-os entre aspas. Estas frases ajudam a expressar um pouco o que eu queria passar para alguém que, por ventura, venha a ler este monte de palavras soltas ao vento.

Daqui não tem mais volta e, feito frases feitas, espero que alguém que esteja lendo ache interessante e, pelo menos, pense um pouco a respeito e responda: onde nos leva a vida que levamos?

P.S.: Escrevi esse texto em Janeiro de 2006 e encontrei elepouco. Acho que tem a ver com o que passo hoje, novamente. Isso acaba confirmando a tese da Márcia, do filme A Partilha, do Tempo e o Vento e tantos outros textos que existem por : nossa vida é feita de ciclos. Volta e meia nos deparamos com o reinício deste ciclo. Nos resta aprendermos com o anterior para aplicarmos no recomeço.

O autor das frases que eu reproduzi é o Humberto Gessinger, quem mais poderia ser?

sábado, 17 de março de 2007

Zero À Esquerda - Edição Comemorativa de Um Ano do Blog!!

Quantas coisas deixamos de fazer por medo de tentar? E quantas outras deixamos em segundo plano por medo de fracassar? Essas são frases clichês, sim, mas não por isso deixam de ser totalmente verdadeiras e atuais.

O medo é um sentimento necessário, pois, sem ele arriscaríamos sempre, sem racionalizar. Sem medo de nada, faríamos qualquer coisa sem pensarmos nas conseqüências. Portanto, o medo nos centraliza, faz com que façamos um balanço racional dos riscos antes de enfrentarmos uma jornada.

Porém, o ponto mais difícil é dosar precisamente este medo. Pois se ele vem em poucas concentrações, podemos nos prejudicar pela inconseqüência e, se vier em excesso, podemos pecar pela omissão, pela covardia.

Às vezes, o medo nos trava ante uma decisão importante, decisiva. E, após tomada a decisão, ele volta a nos paralisar ante a escuridão desconhecida que se apresenta a nossa frente. E este um fator importantíssimo para a ‘nutrição’ do medo: o desconhecido. Quando não conhecemos o que está por vir, e isto ocorre freqüentemente em nossas vidas, acabamos ficando receosos, temerosos até.

E é aí que encontramos, ou não, pessoas importantes em nossa vida. São estas pessoas que, normalmente, estão ao nosso lado que nos incentivam a falar, a abrir o coração e externalizar as angústias.

Porque a auto-crítica e a cobrança excessiva de nós mesmos é a maior inimiga, e sempre precisamos de alguém que esteja olhando de fora para nos mostrar que não é tão difícil quanto parece. Pois, como diz um texto que li algum dia desses, às vezes precisamos manter uma certa distância da parede para percebermos que os riscos sem nexo à nossa frente formam um lindo mosaico vistos de longe.

Pra terminar, acredito que aquelas pessoas especiais a quem me refiro sabem a hora certa e a forma de dizer as coisas. Pois nem sempre precisamos de alguém para nos fazer sorrir. Às vezes precisamos de alguém para nos mandar chorar.