"...Sin Perder La Ternura Jamás!"

Algo entre o nada e o tudo. Entre cheio e vazio. Algo entre o eterno e o fugaz. Entre branco e preto. Mas nunca em cima do muro. Sempre povoado de sentimentos. Com pensamentos e idéias, eternas ou passageiras. Nunca cinza(entre o branco e o preto existem todas as outras cores). Isso sou eu. Hoje. Amanhã, talvez não mais. Sou um ser humano, estou em constante e permanente evolução. Ou não.

Minha foto
Nome:
Local: Porto Alegre, RS, Brazil

terça-feira, 30 de maio de 2006

Zero À Esquerda - Edição Nove


Nós seres humanos temos uma tendência evolutiva(?) a sermos enganados por qualquer pessoa que nos diga exatamente o que gostaríamos de ouvir, o que pode ser constatado facilmente no quadro Operação Bola de Cristal, do Fantástico. Lá, um mágico e um especialista em fenômenos paranormais auxiliam um ator(muito bom, por sinal) a agir como um “legítimo” charlatão, desses que adivinham quem nós somos e como devemos agir.

O mais incrível de tudo isso é que, com frases feitas e ambíguas, pra não dizer clichês e sem significado, ele vai conquistando a platéia que, aos poucos, passa a acreditar completamente em tudo o que ele diz ou faz.

Após algumas tentativas com acertos e erros, onde o que faz a diferença é o auxílio dos profissionais já citados, que dizem via fone como ele deve proceder quando comete um erro, transformando-o em um acerto, o ator tem a pessoa escolhida na mão. A partir daí, a pessoa, inconscientemente vai entregando informações para ele, que as usa habilmente em uma posterior “adivinhação”.

A atuação de Ângelo(nome do personagem) é tão convincente que, mesmo após a revelação de que era tudo uma farsa, algumas pessoas da platéia achavam que a verdade era que Ângelo realmente possuía poderes de adivinhação. Muitas não acreditaram que tudo era apenas um teste.

Mas porque será que tantas pessoas realmente pensam que ele sabia de suas vida particulares, porque elas acham que Ângelo conhecia seus segredos, virtudes e defeitos?

Acredito que a resposta não seja muito difícil de ser encontrada, muito menos que seja necessário poderes paranormais pra isso: essas pessoas sentiram-se importantes em algum momento, sentiram-se o centro das atenções de alguém que possuía poderes e, assim, também consideravam-se um pouco especiais. Em um mundo como o atual, onde as pessoas estão sempre preocupadas com o próprio umbigo, onde nós todos estamos tão carentes de um pouco de atenção ou, ainda, valorização, até um charlatão passa a ter seu valor pelo simples fato de que a pessoa escolhida por este ser “especial” sente-se valorizada, escutada, vista.

Seria tão mais fácil e seguro se olhássemos para o lado e procurássemos escutar, entender, valorizar o nosso interlocutor, ao invés de esperar que a outra pessoa faça isso por nós. Quem sabe assim essa operação bola de cristal, um dia, seja desmascarada logo de cara, pois saberemos em quem confiar. E não será quem nos disser exatamente o que queremos escutar, mas quem nos diga o que precisamos escutar para nos tornarmos melhores e não dependentes.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Entre Aspas...

Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: – Nunca fez mal...
Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: – Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: – Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?

Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançará um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?

Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: – Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: – Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?


Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Vinicius de Moraes


-------------------------
Precisa dizer mais alguma coisa?

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Zero À Esquerda - Edição Oito

Pois é, faz tempo que não escrevo nada por aqui, se alguém realmente acompanha este blog não deve estar entendendo porque. Acho que são vários fatores juntos que me bloquearam provisoriamente. Apenas provisoriamente.

Hoje me deu vontade de escrever algumas palavras, poucas. Estava pensando em escrever sobre tudo aquilo que aconteceu e ainda continua acontecendo em São Paulo, com um pouco de atraso.

Mas, quando abri a Zero Hora de hoje, encontrei um texto que me fez pensar um pouco diferente. Ainda vou manter minha posição sobre a guerra civil que está acontecendo há tempos no Brasil e nenhum político, nem os de agora nem os de antes, estão enxergando. Talvez porque não queiram ver, mesmo.

É inacreditável que sejamos comandados por traficantes, assassinos e outros tipos de marginais. É impossível assimilar o fato de que nossas ações sejam em função do que um bando de delinqüentes ditam.

Mas hoje, lendo a crônica da Martha Medeiros, parei um pouco pra pensar se essa indignação toda resolve alguma coisa. Ela fala que escrever não resolve nada. Devemos, realmente, fazer. Concordo.

Escrever alivia a alma, deixa mais leve. Porém não muda nada, são as ações que provocam a mudança real. São nossas atitudes e nossos gestos que fazem com que o mundo esteja como está.

Em resposta a isso, a esse mundo quase caótico, onde os bandidos são temidos, onde aqueles vilões dos filmes foram superados em atrocidades, coisa que nunca se imaginou que pudesse acontecer, em resposta a isso, seremos ainda mais corretos, trataremos as pessoas melhor ainda.

Acredito que, assim como somos intimidados pela violência, devemos intimidá-los, os bandidos. Como? Com mais carinho, com mais bondade, com mais amizade e com mais bons pensamentos e atitudes.

Talvez assim um dia venceremos essa guerra.

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Sou mais ou menos assim...

Precário, provisório, perecível;
Falível, transitório, transitivo;
Efêmero, fugaz e passageiro
Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo!

Impuro, imperfeito, impermanente;
Incerto, incompleto, inconstante;
Instável, variável, defectivo
Eis aqui um vivo, eis aqui...

E apesar...
Do tráfico, do tráfego equívoco;
Do tóxico, do trânsito nocivo;
Da droga, do indigesto digestivo;
Do câncer vil, do servo e do servil;
Da mente o mal doente coletivo;
Do sangue o mal do soro positivo;
E apesar dessas e outras...
O vivo afirma firme afirmativo
O que mais vale a pena é estar vivo!

É estar vivo
Vivo
É estar vivo

Não feito, não perfeito, não completo;
Não satisfeito nunca, não contente;
Não acabado, não definitivo
Eis aqui um vivo, eis-me aqui.

Lenine. Esse sabe muito!!!

terça-feira, 16 de maio de 2006

Zero À Esquerda - Edição Especial

Com ela eu aprendi a importância de ser correto. Entendi a diferença entre parecer e ser correto. Não precisamos nos importar com o que os outros estão pensando de nossos atos. Temos é que ter consciência de que estamos fazendo o bem, que estamos agindo certo.

Com ela eu entendi que, por mais que queiramos, nem sempre tudo dá certo. Mas que isso pode ser bom, se soubermos aprender com nossas derrotas.

Com ela eu questionei as injustiças de um mundo, onde os “espertos” sempre dão um jeitinho de se dar bem e, nós, que somos quase sempre corretos temos que batalhar o dobro para conseguirmos de forma justa um objetivo. Mas compreendi que vale a pena lutar pelo que se quer.

Com ela descobri a importância que um gesto simples pode ter. Uma simples demonstração de carinho pode ser potencializada ao extremo, ainda mais quando inesperada.

Com ela eu aprendi a enfrentar o mundo e não me entregar nos primeiros tombos ( e são tantos!). A levantar, rir da queda e seguir o baile.

Com ela, diariamente, mesmo que a distância, compreendo a importância da força de vontade, da vontade de viver, de lutar, de ser feliz.

Com ela percebi que devemos sempre demonstrar nossos sentimentos. Sejam eles de angústia, tristeza, alegria, êxtase ou qualquer outro. Quem os recebe agradece.

Com ela também encontrei meu passado e meu presente, e aprendi a não dar tanta importância para o futuro, apenas o necessário para não ser pego desprevenido.

Com ela conheci o sentimento mais bonito que existe, o mais sincero, aquele que, enquanto um estiver vivo, existirá.

Com ela também descobri a importância das palavras, da escrita, da leitura, de tudo o que forma um ser humano. Tudo o que conheço e sei, tem uma ponta de participação dela, com certeza.

Mesmo assim, com tudo o que aprendi, só existe uma forma de dizer o que sinto por ela: MÃE, TE AMO!!

Como me faltaram palavras, pedi algumas emprestadas para quem as conhece melhor que eu:

Mãe...São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o céu tem três letras
E nelas cabe o infinito

Para louvar a nossa mãe,
Todo bem que se disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer

Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do CÉU
E apenas menor que Deus!

Mário Quintana

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Zero À Esquerda - Edição Seis

Bom, hoje minha coluna vai ser um pouco diferente. Será uma tentativa de incursão pela poesia.

Sempre que escrevemos temos que falar sobre algo que conhecemos ou, pelo menos, gostamos. Então seria difícil se eu não escrevesse sobre o campo, ou sobre o Rio Grande do Sul ou, ainda, sobre mim. Abaixo, segue a poesia chamada “Pra Quando Eu Puder”. Espero que, se alguém ler, goste:

Sempre que posso refaço meus dias,

Apoiado ao lombo suave da guitarra.

Tentando avistar o que os olhos não vêem,

Pra ver se a alma ainda desata suas amarras.

---

Sempre que posso tenteio horizontes,

Nos intervalos curtos do mate.

Vou lendo pro cusco estes versos tristonhos,

Pra ver se espanto a saudade que bate.

---

Sempre que posso relembro alegrias,

Que há tempos não lembro onde deixei.

Encilho o baio e boto laço à bate-cola,

Saio à galope pra campear as que achei.

---

Sempre que posso revivo meus sonhos,

Alguns ainda inteiros, outros na metade.

Mas saio pra lida e os deixo de lado,

Pra tentar recompô-los ao final da tarde.

---

Sempre que posso repenso o futuro,

Procuro na volta buscando esperanças.

E acabo encontrando uma nova saudade,

Que andei esquecendo por estas andanças.

---

Sempre que posso eu acabo cantando,

O que andei pensando ou o que estou sentindo.

Mas quero que saibam, é a pura verdade,

É do fundo do peito, não estou mentindo!

-------------------------------------------

Por mais que a gente se afaste das origens, elas nunca se afastarão de nós. Estarão sempre no lugar mais próximo que existe: o coração.


segunda-feira, 1 de maio de 2006

Zero À Esquerda - Edição Cinco

Existem inúmeras diferenças entre Ocidente e Oriente e eu poderia ficar um dia inteiro fazendo uma lista imensa. Mas uma em especial me chamou a atenção dia desses, assistindo a um documentário. A diferença de tratamento dispensada aos mais velhos.

Certamente isso já é um assunto conhecido por todos, não estou contando nenhuma novidade. Mas acredito que poderíamos repensar algumas coisas se falássemos a respeito.

Também não seria necessário irmos até o outro lado do mundo para observarmos os mais velhos tendo o devido valor que merecem. Nas poucas tribos indígenas que ainda sobrevivem no Brasil, a hierarquia é montada em função da idade e, os mais velhos, são os líderes. Seria isso uma imposição? Não. É apenas a consciência de que os mais velhos já passaram por muitas coisas que os mais jovens ainda passarão e, portanto, podem lhes dizer como enfrentá-las.

Algumas pessoas defendem a experiência pela prática, porém, não é mais fácil quando enfrentamos algo na prática após conhecermos a teoria?

Sem contar que um avô, tio e, principalmente pai, podem nos dar uma visão da vida totalmente diferente daquela, por vezes imatura, que temos em nossa idade. Quantos problemas eles já enfrentaram, quantas histórias já viveram, quantas vitórias já tiveram?

É importante o respeito por aqueles que têm o que nos ensinar, que têm interesse no nosso sucesso, no nosso futuro.

Além das memórias boas que temos em função dos mais velhos. Ou alguém que por acaso esteja lendo este texto vai me dizer que nunca ficou de noite, escutando uma história contado pelo avô, ou ficou horas conversando com um pai, escutando também histórias da juventude que são incrivelmente parecidas com as nossas?

E é exatamente isso que devemos dar valor, pois algumas coisas não mudam, e sempre surge um momento em que precisamos de alguém mais velho que nós para nos ajudar. E um dia nós também seremos mais velhos e estaremos do outro lado.

Textinho um pouco sentimentalóide, mas essa semana ando um pouco assim, talvez saudades dos mais velhos. Pai, esse foi pra ti!