"...Sin Perder La Ternura Jamás!"

Algo entre o nada e o tudo. Entre cheio e vazio. Algo entre o eterno e o fugaz. Entre branco e preto. Mas nunca em cima do muro. Sempre povoado de sentimentos. Com pensamentos e idéias, eternas ou passageiras. Nunca cinza(entre o branco e o preto existem todas as outras cores). Isso sou eu. Hoje. Amanhã, talvez não mais. Sou um ser humano, estou em constante e permanente evolução. Ou não.

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segunda-feira, 31 de julho de 2006

Zero À Esquerda - Edição Onze

Quem olha a imagem acima pode, facilmente, acreditar que foi tirada de algum campo de combate em Beirute, Tel-Aviv ou outras cidades dominadas por uma guerra civil comandada pelo Hezbollah. Porém, tudo isso aconteceu mais perto do que poderíamos imaginar: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre/RS, dia 30 de Julho de 2006.

Finalmente um acontecimento que vinha se anunciando há anos chegou às vias de fato. Todos sabem que esta animosidade estava por acontecer, e vários indícios vinham ocorrendo, como nos dois Gre-Nais da final do Gauchão, onde colorados depredaram o Olímpico e gremistas o Beira-Rio. Porém, a atitude tomada por dirigentes e policiais foi praticamente nula. Reforçar policiamento não resolve, pois os covardes se fortalecem quando em multidões, e tivemos a prova disso quando vários ‘torcedores’ partiram para cima dos policiais, numa cena nunca vista em estádios aqui no Estado.

Depois de todo o problema, como se não bastasse, qual a atitude tomada por dirigentes de Grêmio e Inter? Tão irresponsável ou mais do que a dos vândalos. Uma troca ridícula de acusações, onde um empurrava para o outro a culpa pelo acontecido. O presidente Fernando Carvalho, em um momento muito infeliz, ofendeu de forma geral( toda a generalização é burra! ) a Torcida Gremista, enquanto o presidente em exercício do Grêmio, Túlio Macedo, também de forma irresponsável, acusou o Inter pela colocação de banheiros móveis nos corredores do estádio.

Tão preocupados em culpar o adversário, esqueceram-se de pensar( aliás, andam esquecendo muito este ato ultimamente ) e concluir que ambos, em conjunto com a polícia, eram os culpados por toda essa baderna e destruição. Há anos deveriam ter adotado a torcida única, onde só o time da casa tem torcedor. Uma atitude lamentável, de fato, porém a única solução para evitar uma tragédia ainda maior. Pois, por enquanto, os prejuízos foram apenas materiais.

Em momentos de tensão, como no da foto, cheguei a pensar que estava vendo torcedores ingleses ou alemães, os chamados Hooligans, que não sabem nem para que time torcem, ou melhor, torcem para o time da violência, da covardia em grupo, da agressão pela diversão.

Mas, o que mais me entristeceu foi quando resolvi ler a respeito da tragédia em sites na Internet. Pude constatar a mesma generalização burra feita por Carvalho em sites importantes e, principalmente, pela torcida do Inter, onde tenho vários amigos que também cometeram este erro, totalmente perdoável, pois são apaixonados pelo time e se sentiram também agredidos.

Sem contar os torcedores gremistas, com pensamentos pré-históricos, onde o que importa é ofender o adversário, machucar, física ou moralmente o ‘inimigo’. E aí entra uma questão importante: a imprensa, nos últimos anos faz questão de transformar um clássico esportivo em guerra, combate, sempre usando termos bélicos, o que acabam motivando essa inversão de valores por parte da torcida. Sim, pois, a partir daí, o torcedor passa a ver o adversário de esportes como um inimigo a ser combatido, aniquilado.

Sinceramente, espero que as autoridades consigam tomar atitudes que impeçam que essa barbárie se repita, pois poderá ter conseqüências mais dramáticas do que estas. Também gostaria muito que as pessoas voltassem a ver o futebol como um momento de diversão, de alegria, alívio de estresse e emoções, e não mais como um local onde a raiva, o ódio e tantos sentimentos menos nobres são aplicados na prática.

Mas, talvez, eu esteja sonhando longe demais. Talvez quem ler este texto dê risada e pense: “Que bobalhão, foi muito legal ter destruído o Beira-Rio”, “engraçado foi ver os brigadianos apanhando”, “muito show a fumaça preta que saiu dos banheiros”. Bom, aí só me restará lamentar, sinceramente, pois os valores terão se invertido permanentemente.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Zero À Esquerda - Edição Dez

Um mês depois retorno às letras. Um pouco decepcionado, acredito que ninguém esperava que a nossa seleção(?) fosse ter uma apresentação tão, tão, tão...... melhor nem adjetivar.

Eu sei que esse papo de Copa do Mundo já está um pouco ultrapassada, que a Itália já levantou a taça merecidamente e que o Zidane encerrou sua carreira melancolicamente, da pior forma possível. O jogador italiano pode ter xingado quem quer que seja, desde a irmã do francês até o Bin Laden (alguns alegam que Materazzi chamou Zidane de “terrorista islâmico”), mas nada justifica a atitude anti-esportiva do craque, eleito o melhor jogador da Copa, prêmio merecido pelo que ele fez até segundos antes da cabeçada.

Mas, voltando à seleção canarinho, nada caracterizou tão bem a situação em que se encontram esses jogadores quanto a partida contra a França. Jogadores apáticos, sem garra, desestimulados (como se uma Copa do Mundo não fosse estímulo suficiente), a imagem de Parreira escrita e escarrada.

Não poderíamos esperar nada muito melhor de um grupo de jogadores (sim, um amontoado de craques, nunca um time) que chegou na Alemanha acreditando piamente de que já eram os campeões. Esqueceram-se eles de que futebol é um esporte tão apaixonante exatamente pelo fato de que nunca se sabe como uma partida vai acabar, até que o árbitro dê o apito final.

Jogadores com a arrogância de Roberto Carlos, que chegou ao ponto de dizer numa entrevista que não tinha culpa nenhuma no gol de Henry. A Globo, tentando inocentar o lateral, fez um “estudo” de várias faltas, em outros jogos, cometidas quase no mesmo local que a fatídica falta das Quartas de final. Porém, o que conseguiram, foi salientar, ainda mais, a culpa se não de Roberto Carlos, de Parreira. Foram, no mínimo, 7 faltas muito parecidas, onde a seleção tentou uma linha de impedimento medíocre, que não deu certo em nenhuma das vezes. Ora, uma seleção do nível da brasileira jamais deveria se rebaixar a essa tática tão primitiva e perigoso como a linha de impedimento.

Mas, infelizmente, nossa seleção jogou como nosso grandioso técnico a moldou: fria, arrogante, esnobe, sem saber o que significava aquelas cores que estavam defendendo. Em contrapartida, um outro técnico, também brasileiro, ensinou jogadores de outra nacionalidade a amarem seu próprio país, devolveu-lhes a confiança e a garra que haviam perdido há 40 anos.

É... são coisas do futebol. Mas mexem com a vida de muita gente.